sexta-feira, 9 de julho de 2010

Diário de um cão


1ª semana: Hoje completei uma semana de vida. Que alegria ter chegado a este mundo!
1º mês: Minha mamãe cuida muito bem de mim. É uma mãe exemplar!
2 meses: Hoje me separaram de minha mamãe. Ela estava triste,com seu olhar, disse-me adeus. Espero que a minha nova família humana cuide tão bem de mim como ela o fez.
4 meses: Cresci rápido, tudo me chama a atenção. Há várias crianças na casa e para mim são como "irmãozinhos".Somos muito brincalhões.
5 meses: Hoje me deram uma bronca, porque fiz "pipi" dentro de casa. Mas nunca me haviam ensinado onde deveria fazê-lo. Além do que,durmo no hall de entrada. Não deu para aguentar.
8 meses: Sou um cão feliz! Tenho o calor de um lar;sinto-me tão seguro,protegido... Acho que a minha família humana me ama. O pátio é todinho para mim e,às vezes, me excedo,cavando na terra. Nunca me educam. Deve ser correto tudo o que faço.
12 meses: Hoje completo um ano. Sou um cão adulto. Meus donos dizem que cresci mais do que eles esperavam. Que orgulho devem ter de mim!
13 meses: Hoje me acorrentaram e fico quase sem poder movimentar-me até onde tem um raio de sol ou uma sombra. Dizem que sou um ingrato. Não compreendo nada do que está acontecendo.
15 meses: Já nada é igual...Moro na varanda. Sinto-me muito só. Minha família já não me quer! Às vezes esquecem que tenho fome e sede. Quando chove,não tenho teto que me abrigue...
16 meses: Hoje me desceram da varanda. Estou certo de que minha família me perdoou. Eu fiquei tão contente que pulava com gosto. Meu rabo parecia um ventilador. Além disso, vão levar-me a passear em sua companhia! Nos direcionamos para a rodovia e,de repente,pararam o carro. Abriram aporta e eu desci feliz,pensando que passaríamos nosso dia no campo.Não compreendo porque fecharam a porta e se foram. "Ouçam, Esperem!" lati...se esqueceram de mim...Corri atrás do carro com todas as minhas forcas. Que angustia, perdi fôlego e eles não paravam. Haviam me esquecido !
17 meses: Procurei achar o caminho de volta ao lar. Estou e sinto-me perdido! No meu caminho existem pessoas de bom coração que me olham com tristeza e me dão algum alimento. Eu lhes agradeço com o meu olhar. Eu gostaria que me adotassem: seria leal como ninguém! Mas somente dizem: "pobre cãozinho,deve ter se perdido."
18 meses: Um dia destes,passei perto de uma escola e vi muitas crianças e jovens como meus "irmãozinhos". Me aproximei,rindo, me jogaram muitas pedras"para ver quem tinha melhor pontaria". Uma dessas pedras,feriu-me o olho e desde então não enxergo com ele.
19 meses: Parece mentira. Quando estava mais bonito, tinham compaixão por mim. Já estou muito fraco, meu aspecto mudou. Perdi o meu olho e as pessoas me mostram a vassoura quando pretendo deitar-me numa sombra.
20 meses: Quase não posso mover-me! Hoje ao tentar atravessar a rua um carro me jogou!Eu estava na calçada,nunca esquecerei o olhar de satisfação do condutor. Melhor se tivesse me matado! Mas só me deslocou as cadeiras! A dor e terrível! Minhas patas traseiras não me obedecem e com dificuldade arrastei-me até a relva, na beira do caminho. Faz dez dias que estou em baixo do sol, da chuva,do frio, sem comer. Já não posso mexer-me!A dor é insuportável! Sinto-me muito mal, fiquei num lugar úmido e parece que até o meu pelo está caindo...Algumas pessoas passam e nem me vêem, outras dizem: "não chegue perto". Já estou quase inconsciente, mas alguma força estranha me faz abrir os olhos. A doçura de sua voz me fez reagir. Pobre cãozinho, olha como te deixaram, dizia... Junto com ela estava um sr.de avental branco. Começou a tocar-me e disse: "Sinto muito senhora, mas este cão já não tem remédio. "É melhor que pare de sofrer". A gentil dama, com as lágrimas rolando pelo rosto, concordou. Como pude, mexi o rabo e olhei-a, agradecendo-lhe que me ajudasse a descansar. Somente senti a picada da injeção e dormi para sempre, pensando em porque tive que nascer se ninguém me queria :(

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